domingo, 7 de julho de 2013

MARGINAIS




Sair de casa, que casa?
O barraco em que vivemos
Esperando morrer de brasa
Tirando a vida que não temos

Crianças largadas, abandonadas
Pedindo dinheiro pra matar a fome
Logo se acostumam com o nada
E sobrevivem sem ter nome

Raiva e rancor no coração
Assim crescemos, os marginais
Envergonhando nossa nação
E tratados com animais

Os desgraçados da sociedade
Qual a graça que tudo isso tem?
Marginais cruéis e donos da maldade
{...}
Esquecem que somos vitimas também.
(Mariane Magno)

terça-feira, 2 de julho de 2013

To esperando...

Estou num estado de espirito que para mim nomeio de 'estado de espera', estou esperando muito, não de como o sentido da palavra conota, mas num sentido mais amplo. Permita-se ampliar os horizontes dos significados, ir mais além. O simples fato de esperar não me coloca no lugar de sujeito passivo, o sujeito á mercê do tempo e do destino: uma senhora sentada em seu banquinho em frente a sua casinha pacata, quem sabe com agulha e linha de crochê, ou simplesmente contemplando o seu jardim modesto, onde a sua fraqueza corpórea de anos e anos de trabalhos físicos levando-a ao cansaço estremos que habita, depara-se com sua mente inquieta de experiências de vida e histórias para contar, permitindo-se esperar apenas uma ação do destino implacável e irreversível, esperar, esperar e esperar, é assim que a palavra nos remete a imaginar.

Porém não é dessa forma que me sinto quando lhes digo que estou em 'estado de espera', o esperar que lhes trago a uma análise mais clínica e ampla de seu sentido rotineiro é um esperar diferenciado, diferentemente de uma mulher em gestação, todavia, com uma pontinha de semelhança. Não a gestação propriamente dita, lembre-se de desapegar dos significados que o rodeiam neste texto. Na gestação propriamente dita, a mulher que está a gestar uma vida a sua espera tem um fundamento, uma certeza de que algo nascerá de dentro de si e que há pelo que esperar, eis a diferença do meu estado de espera. Porém na mesma gestação é considerável neste momento de espera a aflição, a agustia, a ansiedade e também a imensa e energizante expectativa e é exatamente neste ponto que há semelhanças.

Por mais que gritemos aos quatro ventos que não esperamos nada de nada, estamos esperando algo, a vida nos leva a espera. Seja numa fila de banco, no dentista, na lotérica, numa loja, no SUS. A vida é uma grande fila de espera e nós somos esses sujeitos que ansiosos esperamos chegar a nossa vez. É esse esperar, não de forma negativada que o esperar nos leva, mas a expectativa, o sentimento de que fiz tudo que podia ser feito e que agora espero da vida um empurrão, esse sentimento é bom, é gostoso, pois tira de mim o peso da incerteza pelos meus atos e me coloca nesse 'estado de espera'. Como se fosse uma pausa para obter um grande prêmio, aquela espera gostosa e ao mesmo tempo angustiante.

Costumo pensar que esse 'estado de espirito' de esperar se chama fé na vida. Sim ter fé na vida, na nossa vida, nos coloca neste lugar de esperar pacientemente a vida fazer sua parte, por saber que você e ela trabalham em parceria. Uma contempla a ação da outra, pois tudo que fazemos esperamos colher algo no futuro e esse colher depende de como a vida funciona para você.

"Ontem um menino que brincava me falou
Hoje é a semente do amanhã
Para não ter medo que este tempo vai passar
Não se desespere, nem pare de sonhar
Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
Nós podemos tudo, nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será" -  Nunca Pare de Sonhar (Gonzaguinha)